Um objeto chamado Mulher

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

"Here's to strong women: May we know them, May we be them, May we raise them!"

O Sexismo ou discriminação por género (particularmente aquele que é dirigido à Mulher) é pautado por estereótipos redutores e conceitos preconceituosos como "sexo forte" e "sexo fraco" e expressões pejorativas que diminuem a essência feminina conduzindo à objetificação da mulher (transformação da mulher em objeto sexual).

Os media têm vindo a disseminar a objetificação da mulher de forma abusiva ao longo dos anos, deturpando as noções corretas que possamos ter relativamente à utilização da mulher e do seu corpo na publicidade. Sensualidade e vulgaridade parecem, para muitos, conceitos similares.

Fazendo uma pesquisa básica no Google das capas da revista GQ vemos uma clara diferenciação entre homens e mulheres. 
Vejamos: os homens surgem de fato ou semelhante (com roupa, portanto),  com destaque do rosto e parte superior do corpo e clara posição/atitude de poder; as mulheres surgem com pouca ou nenhuma roupa, SEMPRE com total destaque do seu corpo (ou partes dele) e uma clara associação sexual. 
O sexismo não é um mito e o objeto desta revista chama-se mulher.


Bem sei que a GQ é uma revista para homens e que a Beyoncé em trajes menores é bem mais apelativa do que um Kanye com as suas miudezas expostas e, claro, não sendo uma puritana com palas percebo que o corpo feminino vende e que a mulher tem o direito de fazer com ele o que quiser. 

O que me choca é que a sociedade e os media em particular imponham esta política da exposição do corpo feminino como regra obrigatória de aceitação, de poder. O que me irrita é que por outro lado usem essa mesma imagem (que criaram como sendo a ideal) para ridicularizar a mulher e diminui-la a um mero objeto de desejo sexual.


Eu quero que a minha única sobrinha seja uma mulher sem inseguranças; 
Eu sei que os meus sobrinhos serão homens com profundo respeito e admiração pelo papel da mulher nas suas vidas; 
Um dia, quero educar os meus filhos de modo a que compreendam que o género não é uma questão, é uma mera diferença fisiológica que em nada define o percurso do ser humano;
Não quero que os homens de amanhã se sintam superiores (ou inferiores) às mulheres da sua vida;
Não quero que as meninas de hoje (mulheres de amanhã) sintam que têm de se conformar com menos do que merecem para que sejam aceites, valorizadas, amadas.

A mulher é um ser fantástico, capaz de sofrer metamorfoses dentro de si. A mulher é detentora de uma força profundamente enraizada... é um caos calmo, sereno e delicado. 
Somos capazes de tudo, somos seres resilientes e admiráveis. Nós somos tudo isso independentemente daquilo que mostramos ao mundo.

É possível retratar a beleza feminina sem a exposição gratuita do seu corpo. O nosso corpo é o nosso templo, nunca se esqueçam!


Os bons exemplos de women empowerment através dos media estão, felizmente, em crescendo e de vez em quando encontro anúncios como este d'O Boticário que, sem surpresas, esteve sempre um passo à frente do seu tempo no que toca à edificação da mulher como ser forte e independente. 
Deixemos de ser as vítimas do lobo mau, sim? :)


As meninas não sabem jogar à bola, as meninas não são boas a Matemática, as meninas são demasiado emocionais, as mulheres nasceram para serem mães e donas de casa, as mulheres só gastam o dinheiro em futilidades, as mulheres são fracas. Eu sou mulher e serei sempre aquilo que me apetecer!


24 comentários

  1. clap clap clap Eu tenho uma filha de 8 anos que, infelizmente, cresceu a admirar figuras femininas que os media retratam como sendo perfeitas. Mais do que a exposição do corpo, a objetificação da mulher é tudo isso que mencionaste: as inseguranças, as limitações, os preconceitos. Temos de mudar, JÁ!

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    1. Verdade, cabe-nos a nós fazermos a diferença...por nós e pelas nossas meninas :)

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  2. Fogo, é de mim ou as marcas de hamburgueres dos EUA só fazem campanhas de teor sexual com mulheres?? Que cena :S

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  3. Eu não penso assim. Acho que por uma mulher mostrar o corpo não é inferior, isso sim é discriminaçºao

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    1. Precisamente. A mulher deve fazer com o seu corpo o que achar conveniente, mas não deve ser conduzida a tomar decisões baseadas em estereótipos.

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  4. A verdade é que o sexo vende. Infelizmente vivemos numa sociedade habituada a cultivar o machismo nos homens e a apreciação sistemática e depreciativa do corpo da mulher. Todos os dias (ou quase todos) somos vitimas de assédio de alguma forma...Infeliz quem cria filhos assim.

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    1. Felizmente creio que essa tendência tem vindo a inverter-se. Os nossos rapazes são, cada vez mais, diferentes! :)

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  5. Eu adoro produzir-me, adoro sentir-me sensual...e acho que devemos abraçar a nossa sensualidade...não vejo nada de mal em usar pouca roupa ou roupa ousada. E sou discriminada por mulheres, não por homens.

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    1. Acredito que sim. E não é disso que trata este post, pelo contrário. A ideia é valorizar a mulher e não permitir que os media manipulem aquilo que somos, independentemente das nossas escolhas. :)

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  6. Acredito que, infelizmente, a maioria das mulheres que comentou este post ou não leu bem ou não percebeu o seu sentido. A mulher pode ser o que quiser, só não deve ser forçada a ter a imagem que os media idealizam e diabolizam. Se gosta de se expor, força, se não gosta, não o faça....mas não se sinta pressionada a ser um objeto publicitário.

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    1. Ana S. acho que a questão não é essa. o corpo é meu e eu mostro-o se quiser.

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    2. LOL Então a questão é exatamente essa. Este post fala das amarras publicitárias que diabolizam a mulher por não se despir e por se despir. Ou seja, para que perceba, somos mortas por ter cão e por não ter. Percebe agora?

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    3. Aqui só vejo imagens de mulheres despidas e depois os bons exemplos vestidas

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    4. Então lamento dizer-lhe que não "viu" e leu o fundamental.

      "...o corpo feminino vende e que a mulher tem o direito de fazer com ele o que quiser. O que me choca é que a sociedade e os media em particular imponham esta política da exposição do corpo feminino como regra obrigatória de aceitação, de poder. O que me irrita é que por outro lado usem essa mesma imagem (que criaram como sendo a ideal) para ridicularizar a mulher e diminui-la a um mero objeto de desejo sexual."

      E isto devia irritar-nos a todas que somos sujeitas a terem uma imagem de nós que não corresponde à realidade, pelo menos para algumas mulheres.

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    5. Não tinha lido essa parte...mas isso não muda a minha opinião

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    6. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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    7. Meninas, vamos lá serenar os ânimos! Cada uma de nós é livre de expor a sua opinião, correto? Compreendo a sua intenção Ana S., de facto defende aquilo que digo ao longo do post. Mas também entendo a indignação do anónimo uma vez que, variadíssimas vezes os olhares discriminatórios que recebemos vêem de outras mulheres. Assim a mudança deve ser feita não só nos media mas também nas mentalidades da nossa sociedade....não nos podemos esquecer que devemos implementar o SheforShe! ;)

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  7. A publicidade do Boticário tá linda :)

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  8. Não é apenas a sexualização abusiva da mulher que tem de ser repensada mas também o seu estatuto corporal. Os media não te dizem só que deves estar mais despida para seres atraente e fazê-los vendar revistas mas também que tens de ter um tipo de corpo e se não o tens, tens de aspirar a ele, com os seus artigos de x truques para o teu corpo de sonho.
    O problema está em nós, no facto de adoptarmos sonhos que não são nossos e defendê-los, mesmo traindo aquilo que verdadeiramente sentimos. As mulheres têm o direito de mudar, de crescer, de evoluir, mas nunca porque isso lhes é enfiado pela goela abaixo, devem fazê-lo por elas mesmas, se o seu presente não lhes agradar então que façam o que é necessário para atingir os seus objectivos realistas. E se são felizes da maneira como são, não deixem que vos digam que a felicidade a sério está por trás de uma porta que nunca tiveram necessidade de abrir.
    Não tem a ver com a maneira como te vestes, tem a ver com aquilo que relacionas mentalmente ao fazê-lo: estás a fazê-lo por instinto pessoal ou porque foi assim que te ensinaram?

    Gostei muito do post <3

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    1. Querida Linda, Tocaste todos os pontos fundamentais, adorei ler o teu comentário. :) Essencialmente devemos defender a liberdade (a verdadeira liberdade) para que sejamos aquilo que queremos ser e não aquilo que nos é socialmente imposto ou "sugerido". Aprender a amar o corpo em que vivemos é fundamental para que consigamos sobreviver às pressões e para que possamos mudar porque sim, porque queremos e não para alcançarmos a aceitação geral.

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